Quem somos


TERRA VIVA! / Terra Vivente

Associação criada em 27/11/1980 ("D.R."-III, série I, pág.10, 2/1/81) , então com os seguintes objetivos:
..."a denúncia e o combate à progressiva degradação do meio-ambiente, designadamente pela combinação coerente entre estudo e acção"

Objectivos estatutários atuais (revisão "D.R."-III série, nº105,pág.15,5/5/2004):
..."a denúncia e o combate organizado à  progressiva degradação do meio sócio-ambiental, pugnando por uma sociedade humana livre e harmonizada entre si e com os ecosistemas, tanto à escala local como global, designadamente pela combinação coerente entre estudo e acção"



Princípios, fins e meios 

Desde 1993 o "Terra Viva!" define os princípios, métodos e fins com sendo os da Ecologia Social dado que esta não se fica pela análise dos fenómenos ambientais separados das suas origens sociais. A Ecologia Social propõe o estudo e a abordagem das questões ambientais em interacção com as questões sociais e a acção de intervenção cívica e libertária, no sentido de uma sociedade humana livre e ecológica.

Rejeitando tanto os modelos de desenvolvimento que implicam a dominação e destruição da ecologia do planeta terra como a dominação exploração de uma parte da humanidade pela outra, o Terra Viva! coloca-se claramente numa linha de intervenção social libertária, recusando pontos de vista racistas, xenófobos, sexistas, militaristas, nacionalistas, elitistas, bem como os que de qualquer outra forma impliquem a dominação e exploração de outros seres.

Como princípios de organização e de actuação o Terra Viva! defende:
a AUTONOMIA relativamente a estruturas partidárias e religiosas bem como ao poder instituído;
a AUTO-ORGANIZAÇÃO em dinâmica de pequenos grupos e assembleias e encontros democráticos de base;
a ORGANIZAÇÃO NÃO HIERÁRQUICA em redes cívicas e descentralizadas;
a SOLIDARIEDADE e a entre-ajuda;
a INTERVENÇÃO POPULAR DIRECTA nas questões sociais e ambientais;
Como meio de acção o Terra Viva! preconiza:
a FORMAÇÃO e a INFORMAÇÃO;
a EDUCAÇÃO (SÓCIO-)AMBIENTAL;
o ACORDO PROTOCOLAR PONTUAL com instituições ou grupos, que viabilize a nossa acção associativa;
o BOICOTE, a DESOBEDIÊNCIA CIVIL, a CONCENTRAÇÃO (e a acção directa não-violenta em geral);


Pode-se associar ao Terra Viva!:
a. como associado/a activo/a - quem tenha mais de 10 anos, aceite os objectivos (princípios, meios e fins) da associação, cumpra os seus estatutos regulamentos internos, desenvolva actividade regular numa das organizações de base (grupo local, secção, departamento, etc.) e pague regularmente as suas quotas.
De acordo com a sua faixa etária distribuem-se pelos seguintes escalões e organizações de base:
dos 10 aos 13 anos - "pequenos eco-batedores" - em equipas de 4/5 em grupos de ar-livre locais;
dos 14 aos 17 anos - "jovens eco-batedores" - em equipas de 4/5 em grupos de ar-livre locais;
dos 18 aos 29 anos - "batedores eco-libertários" - em equipas de 4/5 em grupos de ar-livre locais;
ou podendo optar por qualquer outra organização de base como activistas eco-sociais;
a partir dos 30, em qualquer organização de base excepto nos grupos de ar-livre locais - salvo se desenvolvendo funções de animador e com formação correspondente.
b. como associado apoiante - quem aceite os objectivos gerais da associação mas não possua ou não queira agir de acordo com os seus princípios, meios e fins, estatutos e regulamentos internos - embora possa apoiar a actividade associativa pontualmente, além de contribuir com uma quota de apoio.

História de uma associação com história...

I - Um pouco de história de uma associação com história...
1 - OS PRIMÓRDIOS e as primeiras dificuldades
2 - Reorganizações...
3 - A onda neo-castanha...
4 - Nova crise interna...e falta de sede
5 - Nova sede, novas perspectivas, novas actividades
6 - Ainda uma nova sede

II - OS ÚLTIMOS 3 ANOS
1 - O nosso projecto REGRALL e...
2 - Parceria com o "Escolhas"
3 - "Escolhos" com o "Escolhas"... e não só!
4 - 2004: e agora? CONTINUAMOS! ...



I - um pouco de história de uma associação com história...
Existimos como associação ecologista, sem fins lucrativos, desde 1980 (Terra Viva – Grupo Ecológico - "D. R". III série 1 pág.10-2/1/81). A partir dessa data realizamos o seguinte:
Festival anti-nuclear de Miranda do Douro, juntamente com outros grupos ecologistas contra a projectada central nuclear de Sayago, no Douro espanhol;
Seminários e conferências sobre o PEN (plano energético nacional) rejeitando a opção nuclear em Portugal , contestando a construção de três centrais nucleares no país e propondo a opção alternativa das energias renováveis;
Biblioteca e arquivo ecológico e social;
Programa de rádio - Colóquios diversos - defesa do consumidor, energias alternativas, defesa florestal;
Saídas de campo, montanhismo e expedições na Natureza sobrevivente, defendendo a integridade dos espaços verdes naturais;
Núcleo de Objectores de Consciência do Porto;
Manifestações contra o perigo nuclear, a guerra e os militarismos;
Tradução e edição de cadernos sobre o movimento ecologista e alternativo;
Participação na campanha contra a eucaliptização extensiva, juntamente com associações ambientalistas e populares...


1 - OS PRIMÓRDIOS e as primeiras dificuldades
Inicialmente os fundadores da Terra Viva definiam-se como "refugiados da política" e alguns como "amigos e contempladores da Natureza". O certo é que tanto os primeiros Estatutos como o Manifesto inicial, apontavam para algo mais: "a denuncia e o combate organizado à progressiva degradação do meio ambiente, designadamente pela ligação coerente entre estudo e acção"... Mas dentro da Terra Viva inicial coexistiam diversas sensibilidades e opiniões sobre os graus de abrangência daquilo que se poderia chamar nessa altura de "ecologismo". Embora o elemento libertário estivesse também presente, a variedade de sensibilidades era muito grande – o que não era mau!... Mau era que as pessoas se não conseguissem unir em volta de objectivos concretos sócio-ambientais, talvez por não ser era essa a vontade de todas, e que o terreno já estivesse algo minado por diferentes "pescadores de águas turvas" que tentavam atrelar a associação a uma ou outra corrente partidária.... Algumas saíram para formar a "Quercus" - cujo projecto se centrava mais na defesa da flora e fauna autóctones. Outros foram para o partido "os verdes"... Outros ainda tendo vindo da "extrema esquerda desencantada" voltaram à política - mas mais institucional... - e abandonaram a associação... O certo é que numa assembleia geral realizada em 84 para a qual tinham sido convocadas por escrito mais de 400 associados, apareceram menos de vinte!
Dada a dificuldade de com tão poucas pessoas se pagar as rendas da sede – então em duas salas do edifício da Cooperativa do Povo Portuense, perto da Lapa - nomeou-se uma comissão administrativa e criaram-se vários grupos de trabalho... Desses grupos de trabalho, um ainda realizou um seminário para discutir o PEN (plano energético nacional – que se propunha construir várias centrais nucleares em Portugal). Entretanto um outro grupo começou a retirar os arquivos e outro material da sede – que se tinha decidido deixar – e guardá-lo numa casa de gente amiga, ali perto. Mas surgiu um elemento, na altura ligado à "Juventude" de certo partido, que resolveu ficar com o espaço e pô-lo a funcionar com dinheiro da família... Pessoas da Terra Viva da altura preveniram-no que se o quisesse fazer não o deveria fazer em nome da associação porque não fora essa a decisão da assembleia. E assim passou a funcionar (?) ali um denominado "Grupo Ecológico - Secção Escolas" praticamente composto por esse indivíduo... Mas durante cerca de um ano o resto das pessoas que tinham ficado da antiga "comissão administrativa" nada fizeram para relançar a associação e pela calada, o tal indivíduo foi à casa onde estava guardado muito do espólio da associação e conseguiu que lho entregassem... continuando então a chamar ao espaço "Terra Viva". Entretanto ele tinha agrupado alguns jovens da zona da Lapa e com eles criado uma secção da associação "Jovens Escuteiros Livres" - como forma de chamar mais gente nova para o espaço, tendo no entanto alguns comportamentos, tanto autoritários como bastante estranhos..., que levaram alguns a só regressar mais tarde à associação, depois de o ameaçarem de chegar a vias de facto, no seguimento de tentativas de assédio à namorada de um dos jovens...


2- Reorganizações...
Em 86, elementos libertários – alguns deles tendo estado ligados ao Terra Viva inicial e também aos "J.E.L.s", reagrupam-se com outras pessoas interessadas e tentam redinamizar a associação. Ainda fazem sair nessa altura um pequeno boletim informativo, criam alguns grupos de trabalho e organizam algumas trilhas pedestres de descoberta ecológica. Mas havia problemas com o tal elemento, incapaz de actuar em equipa (e inclusive tendo comportamentos algo estranhos com os jovens que formavam o grupo de "escutismo livre"...) e que se acabou por incompatibilizar com todas as outras pessoas, originando o seu abandono da associação e provocando com isso a sua quase paralisia – para além de algumas actividades de campo e reuniões e encontros com gente interessada em temas alternativos... A maioria das pessoas preferia organizar fosse o que fosse fora da sede, sem ter que aguentar algumas paranóias do tal indivíduo (tentativas de bloquear o funcionamento daquilo em que não participava directamente, algumas aproximações de companheiras, a rondar o assédio...) embora fosse capaz de grande actividade, quando sozinho - e era isso que confundia também as pessoas e fazia algumas contemporizarem com a sua presença. Mais tarde tudo isto ficou mais claro – e a contínua conflituosidade, pelos mesmos motivos, em diversas outras iniciativas onde ele participou confirmaram a necessidade de o afastar da associação.
Em meados de 89, novo grupo e nova direcção voltam a organizar as actividades, isolando de certa forma aquele elemento – com comportamentos sempre cada vez mais estranhos... Um dia alguns de nós somos chamados à direcção da cooperativa proprietária do edifício porque há uma inundação no andar de baixo... Descobrimos que o tal indivíduo costumava ir para o telhado – com acesso das salas da associação – e tinha partido várias telhas... Além disso, numa das salas – que ele usava pessoalmente – estavam montes de lixo, desde restos de comida a jornais velhos... Juntámo-nos para pagar os prejuízos e decidimos pôr fim à situação já que os senhorios ameaçavam rescindir o contrato de arrendamento. E o tal elemento acabaria por ter de ser expulso, por decisão da assembleia geral, após se apropriar de vários materiais da associação (livros, uma máquina de escrever, arquivos...), que entretanto guardou em casa, a pretexto de criar uma outra associação... com o material que nos roubou...!
Em fins de 89 relançamos o Boletim Associativo, reorganizamos a biblioteca e alguns grupos de trabalho, envolvendo os associados em toda a actividade. A partir daqui começamos também a organizar anualmente intercâmbios juvenis internacionais (Porto, Trás-os-Montes, França, Alemanha) sobre temas como: - Ecologia e Arquitectura – Energias Alternativas - Ecologia e desenvolvimento local - Intercultura, racismo e xenofobia. É nesta altura que começamos a organizar novamente grupos juvenis de ar livre e acampamentos sócio-ambientais de fim de semana nos arredores do Porto, aglutinando o projecto em que alguns de nós tínhamos participado, o de "Escutismo Livre". Também lançamos uma campanha com várias acções de sensibilização e protesto, contra a poluição do rio Ferreira, entre Valongo e Gondomar, por uma empresa têxtil, bem como contra a eucaliptização extensiva das serras de Santa Justa, Pias e Castiçal (hoje finalmente classificadas como parte integrante da "rede Natura 2000"...). Solidarizamo-nos também com a luta do povo de Barqueiros ( Barcelos ) - contra a empresa de cal "Mibal" que lhes polui os campos - e depois de uma razia da GNR , protegendo os patrões da "Mibal" contra as populações em protesto, ter assassinado (com uma "bala perdida"...) um jovem do lugar, participamos com uma delegação na manifestação que acompanhou o seu funeral. Nessa altura discute-se também dentro da Terra Viva a emergência da ecologia social já que não nos parece justo ficarmo-nos pelo "ambiente", sobretudo quando a sociedade revela muitos outros males, só extirpados ou "inexistentes" para quem anda a dormir - ou pretenda adormecer os demais... Por isso a partir daí, embora conservando a denominação "Terra Viva – Grupo ecológico", começamos a definir-nos cada vez mais como associação de ECOLOGIA SOCIAL.


3 – A onda neo-castanha...
Mas entre 90 e 91 temos alguns outros problemas no Porto: meios da extrema direita encorajam o aparecimento de bandos nazi-skins mesmo entre os jovens de meios sociais mais excluídos. Nalguns acampamentos de fim de semana que realizávamos nos arredores do Porto, sobretudo na Serra de Valongo, começamos a deparar com grupos "esquisitos", de camuflado, cabelo rapado e símbolos nazis nas mochilas... Começamos também a ser alvos de algumas perseguições e ataques de neo-nazis porque reagimos à onda racista, perante a passividade geral dos partidos da "esquerda instalada", da conivência dos da direita e da complacência (e conivência, também) das "autoridades". Deles nos defendemos juntamente com malta jovem que tende a ser o alvo deles (ou por terem "look" diferente, ou por não serem branquinhos, etc.).
No Porto, nesses anos, registam-se quase todos os fins de semana "incidentes": espancamento de um jovem africano e colocação do seu corpo inconsciente numa linha de comboio, ameaças de bomba num jornal do Porto e ameaças de morte a jornalistas antiracistas, espancamento de um agente da PSP de origem africana e da sua mulher, perseguições racistas e nazis em escolas e nas ruas, no Porto, em Ermesinde, em Matosinhos, em Espinho... Chega mesmo a haver uma montagem de uma provocação policial – porque alguns dos meios policiais têm elementos ligados ao "M.A.N." (movimento de acção nacional), proibido mais tarde, depois do assassinato de um militante do PSR e de um jovem africano em Lisboa: nas vésperas de organizarmos dois intercâmbios juvenis europeus, um na Alemanha e outro na França sobre o tema "Racismo e Xenofobia na Europa", somos alvo na nossa sede de ameaças de morte por parte de um bando de extrema direita, seguido de uma provocação policial - resultando daí a detenção e o espancamento brutal e de 3 elementos da associação. Esses companheiros são detidos e acusados de "querer agredir um grupo rival" (tadinhos!...) e para isso terem tentado utilizar materiais proibidos... alguns deles tendo sido levados para a sede por e com a instigação de um elemento provocador, conhecido nalguns meios culturais "alternativos"... e que depois, claro, desapareceu! Mais tarde os nossos companheiros seriam absolvidos e parte do grupo policial envolvido na acção seria... envolvido num obscuro processo de tráfego de heroína, em Gaia, tendo alguns sido "suspensos" da polícia...
Apesar deste clima de insegurança vamos realizando as nossas diversas actividades: apoio à população de Baguim do Monte contra a Fertor/Lipor e a queima a céu aberto dos seus 30m. de lixos, apoio à população do bairro temporário da Mitra contra os esgotos do Matadouro de Campanhã, sessões de informação sobre o Dia Mundial da Floresta numa escola de S. Pedro da Cova e sobre o Dia Mundial do Ambiente na Junta do Bonfim, visita ao Horto de eucaliptos da Portucel, (Valongo) passeios pedestres no vale do rio Torto (Porto Oriental) e, treino de sobrevivência no vale do rio Ferreira e participação nas manifestações contra a ( 1ª) guerra do Golfo...


4 – Nova crise interna...e falta de sede
Em meados de 92 surgem novos problemas internos: um grupo reunido em torno de alguns elementos dos corpos directivos de então, a pretexto de renovar a sede, mantém a associação sem qualquer actividade. Alguns pretendem mesmo extinguir a associação e repartir entre eles o seu património... No entanto um grupo, com bastantes jovens, quer reiniciar actividades e desenvolver actividades mais sociais – além da ecologia: contra a guerra, contra o racismo, por ocupações de casas devolutas, etc.
Perante a inactividade total da maioria da direcção de então, este grupo toma nas suas mãos a reorganização do arquivo, da biblioteca e de vários grupos de trabalho, bem como a preparação das actividades. Surge uma nova Direcção (o colectivo mais activo), composta pelos elementos novos e alguns dos anteriores. Mas mesmo assim continuam as dificuldades em manter a sede... No seguimento de um compromisso connosco e um outro colectivo - a distribuidora "Confronto", de Gaia (que acabam por não cumprir) de compartilharmos as despesas da sede, vemo-nos obrigados a abandoná-la em Dezembro de 92.
Seguem-se dois anos sem espaço de sede, mas mantemos ainda assim a actividade: intercâmbios juvenis em Berlim e Trás os Montes (93), protestos contra a poluição no Caima, animação de grupos de ar livre e sessões de informação em Gaia (sobre a "Eco-92", no Rio de Janeiro, sobre a poluição do Douro – com o apoio do Prof. Bordalo e Sá, do ICBAS).
A partir de 93 começamos a organizar anualmente Campos de Férias Juvenis e Campos de Trabalho Voluntário (nacionais e internacionais) apoiados pelo IPJ: limpeza das margens do rio Ferreira, marcação de trilhas pedestres, animação histórica e ambiental da Quinta do Covelo, "Campos Índios" juvenis... Na ausência de um espaço para sede da associação, as tendas índias ("teepees") do nosso primeiro "Acampamento Índio / Campo de Férias", em 94 (em Valongo), são confeccionadas na secção de Oficinas de uma casa devoluta, ocupada por jovens ("Okupas"), em Paranhos. Começamos também a partir daqui a dirigir os nossos programas para os jovens de meios sociais mais excluídos ou "problemáticos" (continuação do grupo do bairro da escarpa da Serra do Pilar, do Bonjardim, dos Bairros de S.Tomé e Carriçal...). E continuamos os intercâmbios com Berlim, a propósito de experiências dos movimentos alternativos. O material e equipamento, o arquivo, a biblioteca, etc. repartem-se entre duas casas particulares e as assembleias gerais são realizadas em diferentes locais: uma cooperativa, um sindicato, uma escola... ou nalgum jardim ou parque, quando está bom tempo. Há quem critique o facto de nada estarmos a fazer para encontrarmos um espaço... Há também quem defenda que é mais importante chegarmos a mais pessoas e interessá-las nos nossos projectos e com elas organizar actividades do que "ter já uma sede" e que "quando haja mais gente a questão da sede se resolverá por si". Mas acaba por vingar, nas discussões entretanto havidas, a ideia de tentar encontrar um espaço próprio para funcionar... Como de costume, grande parte das pessoas que mais insistiam na necessidade imediata de uma sede, pouco fizeram para isso... Mas finalmente, algumas conseguem encontrar um espaço à escala das nossas possibilidades económicas de momento...


5 – Nova sede, novas perspectivas, novas actividades
Em 95 - já com um novo espaço para sede, embora repartido com outra associação, a "April", no Largo de S. Domingos - e embora ambas com várias limitações quanto à sua plena utilização - começamos por tentar avançar com várias actividades novas: A primeira, no "Dia Mundial da Floresta", uma exposição e um conjunto de acções de sensibilização contra a destruição florestal à escala planetária (denunciado os intere$$es que estão por detrás dessa destruição), mas organizando também jogos juvenis e limpeza do Parque da Quinta do Covelo (onde tínhamos começado a desenvolver várias actividades com os mais novos). Depois, há a tentativa de arrancar com uma campanha contra a "Cultura Automóvel", procurando dar relevo à necessidade de dar "Prioridade ao Transporte Colectivo Urbano" como forma de pôr fim à poluição automóvel na cidade. Inicialmente, na Iª reunião participam várias entidades (entre outras a April, a cooperasiva de táxis Antral, a Eco-letras, o Núcleo Ambiental da Fac. Ciências, o NDMALO, a Oikos/Base-fut, o Sindicato dos Transportes Rodoviários... Mas depois, as reuniões começam a ser cada vez menos participadas... e acabamos só nós! É certo que grande parte do falhanço coube-nos por não dispormos nesta altura de gente suficientemente responsável para persistir e desenvolver as tarefas necessárias à campanha... Mas também pouco se conseguia fazer sem o envolvimento activo de mais gente. E o grupo de trabalho que inicialmente avançara, ficou igualmente a meio caminho, desanimado...
Continuaram no entanto outras actividades e alguns tentaram mesmo avançar com um grupo de teatro - que por falta de projecto coerente do grupo inicial – que viera de fora da Terra Viva! – acabou por se não realizar... Neste ano alguns de nós participam na organização das "Jornadas Libertárias", na Reitoria da Universidade do Porto, organizando debates sobre os temas: Ecologia Social, Racismo e Xenofobia e Guerra e Militarismo. Também começamos a desenvolver alguns projectos de animação dos espaços verdes do Porto – que pouco "feed-back" têm no município local – além de nos ser autorizado a partir daí desenvolver várias actividades de animação sócio-ambiental e histórica num parque do Porto (Quinta do Covelo). Realizamos também dois intercâmbios juvenis internacionais, um em Berlim e outro no Porto e Trás os Montes.
Em 96, na Páscoa, realizamos com alunos da ESAP um intercâmbio em Berlim sobre ARQUITECTURA e ECOLOGIA e no Verão, mais dois, um na Irlanda (Omagh) e outro na Alemanha oriental pós-muro (Uckermark), além de campos de férias e de voluntariado internacional. Com apoio dos SMAS, organizamos em Maio duas visitas aos túneis dos subterrâneos do Porto. Participamos também na contestação à (co) incineração de lixos, seja em Coimbra - onde um delegado nosso se desloca – seja na Maia (LIPOR II), organizando visitas ao local e observando o que se vai passando – à medida que as caixas de correio dos moradores do Porto vão sendo "forradas" de propaganda daquele "Projecto amigo do ambiente"... Em Outubro participamos no boicote a uma corrida de touros, realizada em Oliveira do Douro, uma Freguesia de Gaia, cheia de problemas de exclusão social e a precisar isso sim, do apoio das autarquias para outro tipo de questões. Distribuímos um comunicado e abrimos faixas na vizinhança da improvisada "arena", muitas pessoas apoiam-nos mas um elemento nosso é agredido por "aficcionados"...
Durante alguns meses temos também um acordo com a Fundação da Zona Histórica do Porto para a animação de actividades de ar livre e aventura com jovens do centro histórico do Porto. Dado, no entanto, aquela instituição nunca ter formalizado aquela parceria – e dada também a forma irregular da participação dos jovens no local onde o centro funcionava, acaba aquela colaboração – embora posteriormente alguns dos jovens tenham participado nas nossas actividades.
Em 97 organizamos, em Janeiro, um encontro internacional de animadores juvenis, no Porto, com a presença de 10 países e apoio do programa "Juventude". A ele se seguiu um ciclo de vários intercâmbios juvenis com grupos da Espanha, Alemanha e Suécia, no Porto , no Minho, e na Alemanha. Na Primavera organizamos um Campo Volante Pedestre, com jovens de Paranhos, entre Valongo e Rio Mau e no Verão, um Campo de Trabalho Internacional para acabar a marcação da nossa "Trilha de Descoberta Sócio-Ecológica do Vale do Ferreira", com cerca de 21Kms, além de mais um "Campo Índio", em Valongo, com jovens de Azenha, Gaia, e Paranhos. No "Dia Mundial do Ambiente" organizamos uma série de jogos ambientais, na Quinta do Covelo, e divulgamos um mapa/cartaz com os vários "pontos negros do ambiente no Porto metropolitano." No Outono continuamos a organizar saídas de Campo, em Gaia, Valongo, S.ta Cruz do Bispo, além de participarmos na campanha "Limpar o planeta" organizando uma limpeza colectiva do Parque da Quinta do Covelo... e construindo depois, com o lixo recolhido, algumas esculturas efémeras no local.
Neste ano registamo-nos como associação juvenil RNAJ, conseguindo apoio para finalmente adquirirmos um computador... Em 98, além de campos de férias, trilhas pedestres (Rio Leça, Valongo, Rio Mau, ...), intercâmbios juvenis, com Berlim e Norte da Alemanha, organizamos também o nosso 1º Curso de Animadores de ar livre... Mas temos algumas dificuldades com o espaço da sede, no Largo de S. Domingos, já que alguns vizinhos protestam sempre que lá entramos de noite ou se ficamos até um pouco mais tarde ou aos fins de semana se nos reunimos... É o "barulho" na escada, é o computador ou a máquina de escrever, são as pessoas a falar, é o telefone... Assim que encontramos outro local, saímos... E passamos a ter outra sede, onde possamos funcionar sem incomodar ninguém...


6 – Ainda uma nova sede
Em 99, já nas novas instalações - duas salas na Rua Afonso Martins Alho, animamos entre outras actividades de ar livre, com outras instituições e centros de animação juvenil (iniciativa inter-institucional GINJAs), a "trilha de descoberta eco-social de Monte Córdova" (Santo Tirso), onde participa – apesar da chuva! - mais de uma centena de jovens de vários bairros sociais do Porto e arredores... Neste ano realizamos na nova sede várias acções de formação: de animadores de círculos de estudo, de iniciação à ecologia social, além de realizarmos pequenas conferências e debates sobre temas da actualidade. No Covelo organizamos novo Curso de Animadores de Grupos de Ar livre, apoiado pelo IPJ. Damos também apoio pontual a um grupo de moradores em Gaia, na zona da Arrábida, que protesta contra o abate de árvores na sua rua. Passamos também neste ano, através de uma nossa iniciativa, a INFASOLAM (Informação e Animação para a Solidariedade e o Ambiente) a fazer algum trabalho voluntário de socorro social, dando apoio ao encaminhamento de jovens e desempregados mais necessitados para alguns cursos profissionais ou para medidas de apoio social de emergência. Em Novembro, participamos como convidados no X Encontro Nacional das Associações de Defesa do Ambiente, em Gaia, onde defendemos a urgência das barreiras insonorizantes, "prometidas há anos na VCI do Porto" e noutras auto-estradas, além de insistirmos na necessidade de se continuar a contestar a incineração de resíduos, como falsa solução, que queima o que se deveria reciclar – ou não se deveria produzir, na impossibilidade de ser reciclado...
Em 2000 continuamos as actividades contestando a INCINERAÇÃO para as crescentes montanhas de lixo desta sociedade do lucro e do desperdício, realizando sessões públicas de informação, em Paranhos e no "Piolho", no Porto. Para nós é claro que a questão principal não é "o que é que se há-de fazer então às toneladas de lixo produzidas"... mas sim porque é que elas se continuam a produzir (... e a resposta é: porque elas dão LUCRO, tanto aos gestores poluidores como aos gestores da indústria pretensamente "despoluidora"...). Apoiamos também a luta da Escola Superior de Educação contra a Incineradora de lixos hospitalares do Hospital de S.João, redigindo um manifesto que distribuímos em Paranhos e participando num debate onde acusamos o director do hospital de se estar borrifando na saúde da população da zona. Neste ano desenvolvemos também uma pequena campanha, conjuntamente com a Associação de Moradores de Monte Tadeu, mas depois apoiada por uma escola secundária, contra a ameaça de destruição que paira sobre o jardim da Praça do Marquês, após notícias vindas a lume darem como certo que a "Metro do Porto" pretenderia transformar o jardim num Estaleiro de Frente das futuras obras... Apoiamos também a população de Lazarim (Lamego) na sua luta contra a imposição estatal de um "aterro sanitário" em terras cheias de nascentes de água e culturas hortícolas... E também apoiamos a população da aldeia de Couce, em Valongo, contra o isolamento a que a autarquia local a vota... No Verão do ano seguinte (2001) realizámos em Lazarim e Valongo dois campos de férias juvenis, confraternizando os jovens participantes com as populações locais.
Ainda neste ano, apesar de não sermos sindicato, apoiamos um grupo de trabalhadores portugueses da construção, emigrantes temporários na Alemanha (como cá os imigrantes, vítimas da exploração mais abjecta!) a quem os patrões se "esqueceram" de pagar... Solidarizámo-nos activamente, indo com eles ao ministério do trabalho e ao consulado alemão, chamando a imprensa e a televisão, apoiando o seu "recurso a uma caução" – quatro furgonetas do empreiteiro alemão burlão, não entregues enquanto ele não lhes pagasse o que devia... - e pedindo o apoio de um advogado nosso amigo. Os que, apoiados por nós, interpuseram acções no Tribunal de Trabalho ganharam... - "Mas afinal... que é que isto tem a haver com ecologia e ambiente?" - perguntarão alguns... Para nós, TERRA VIVA! - tem a haver com a QUALIDADE DE VIDA e com a defesa da DIGNIDADE HUMANA, pois sem elas não há ECOLOGIA SOCIAL possível... (embora talvez possa haver da outra ecologia: aquela para a qual as questões ambientais estão "obviamente" à parte das sociais. É o caso tanto do ambientalismo oficial, governamental, ministerial e municipal, como o de certo ambientalismo e ecologismo "profundamente" à procura de tachos governativos...).


II - OS ÚLTIMOS 3 ANOS


1 - O nosso projecto REGRALL e...
Em 2001 começamos a desenvolver mais actividades com instituições e bairros sociais do Porto – sem contudo deixarmos de realizar outras: Campos de Voluntariado Internacional e de Animação sócio-ambiental, na Quinta do Covelo – mediante protocolo com a Junta de Freguesia local, desde 98 - Trilhas Pedestres, etc. Em Fevereiro participamos na homenagem ao "poeta carpinteiro" anarquista, Joaquim Moreira da Silva, convidados pela associação popular que ele ajudara a criar, a "Honra e Dever", de Vilar, Vila do Conde, com uma conferência e a visualização do vídeo "Memória Subversiva", de José Tavares, acerca da história do movimento libertário português. Em Abril, participamos na animação sócio-ambiental de jovens do Porto Oriental em parceria com a Fundação de Desenvolvimento do Vale de Campanhã, organizando um Campo de Férias de Aventura em Vilar de Mouros, com jovens de vários bairros daquela zona. Ao mesmo tempo vamos apostando na formação de animadores juvenis, organizando cursos, seja no âmbito do n/ Projecto REGRALL - Rede de Grupos de Ar Livre Locais –um projecto de "eco-escutismo livre" - seja participando em acções de formação (módulos "ar livre" e "sensibilização sócio-ambiental") da FNAJ (Federação Nacional de Associações Juvenis). Além dos Campos de Férias juvenis do Verão, em Lazarim e em Valongo, desenvolvemos uma série de outras actividades de ar livre, nomeadamente trilhas pedestres (Trekking), em várias zonas dos arredores verdes do Porto, com boa participação juvenil, bem como cursos de identificação de plantas silvestres medicinais e comestíveis e de sobrevivência. Ainda em 2001, no Verão, realizamos no Porto e no Minho um intercâmbio juvenil sobre "Descoberta Sócio-Ecológica" com Espanha, Itália e Alemanha.
No início do ano tínhamos ainda denunciado uma situação de atentado ao ambiente: em Valongo, um proprietário privado preparava-se para construir no rio Ferreira, em terreno do "Biiotopo Corine" e da "Rede Natura 2000" (Alto do Castelo) uma mini-hídrica de produção energética, sem qualquer discussão pública séria das implicações de tal obra no local e em violação do estatuto especial daquela zona. Nomeadamente, conforme tivemos a oportunidade de verificar na consulta que fizemos ao projecto na DRA-N (Direcção Regional do Ambiente – Norte) nem a localização no mapa do projecto para obter o licenciamento daquele organismo, correspondia à real... Mais tarde verificámos outra coisa: contactados telefonicamente pelos serviços da então DRA-N, soubemos que aqueles serviços apenas dispunham de UMA viatura para toda a região e que eles próprios também... não sabiam ler uma carta topográfica, já que à procura do local onde o interessado na obra tinha procedido a uma série de explosões, alterando a morfologia do terreno para alargar o caminho para as suas máquinas, apesar de indicado no mapa, os técnicos inspectores tinham metido por um caminho totalmente diferente (entre Azenha e Beloi)... O certo é que depois disto a obra acabou por não ser licenciada pois o interessado acabou por ultrapassar os prazos de licenciamento... Mas nunca chegámos a perceber muito bem o papel da DRA-N – e sobretudo o seu grau de eficiência! – e muito menos o da Câmara Municipal de Valongo - cuja vereadora do ambiente anterior tinha rejeitado o projecto, mas cujo elenco posterior acabou por quase "apadrinhar"... Posteriormente também, sentimo-nos bastante elogiados por sabermos que o então responsável pelo pelouro do ambiente da Câmara de Valongo, estava "bastante chateado com a Terra Viva!" por, entre outras coisas, havermos "interferido", apoiando os moradores da aldeia de Couce na criação de uma Comissão de Moradores, apoiando as suas reclamações, chamando jornais e televisão como forma de as publicitar – não sem que um repórter no local destorça as declarações de elementos nossos, culpando "a chuva" e não a inércia da C.M. Valongo - que era o que tanto nós como as pessoas da aldeia denunciavam... As reclamações são: uma "ligação viária decente "(em empedrado - e não em asfalto nem em macadame...) a Valongo e apoio no arranjo das casas - sentindo-se algumas pessoas alvo de embuste, pelo facto de a Câmara pretender convencê-los a irem para bairros sociais e a abandonar a aldeia... que vai despertando algumas gulas para projectos de "Turismo rural"!...


2 - parceria com o "Escolhas"
A partir de Dezembro de 2001 somos contactados e estabelecemos uma parceria com o programa inter-institucional "ESCOLHAS" para a animação de actividades de "ar livre e aventura" com os jovens no Bairro do Lagarteiro. A partir de início de 2002 essas actividades deixam de ser apenas nesse bairro e passa-se a fazê-las transversalmente com outros bairros sociais do Porto, através do REGRALL. Neste ano, surge a oportunidade de alugarmos um outro espaço já que a sede de então é demasiado exígua – mantendo nela, no entanto, uma sala para a parte administrativa. A direcção do programa "ESCOLHAS" encoraja-nos a isso já que o novo espaço poderá ser utilizado também para oficinas ocupacionais e outras actividades de formação, no âmbito da parceria existente... A partir de Março de 2002 alugamos o novo espaço e nele instalamos o novo pólo da nossa actividade, denominado CAAAS - Centro de Actividades Alternativas e Animação Social. Como o nome indica, o objectivo é nele desenvolver tantas actividades quantas as possíveis: de animação, formação, encontros, debates, no âmbito dos objectivos da Terra Viva! - que não são apenas ambientais mas também sociais e culturais. Neste ano, além de 4 campos de férias ("Máscaras de Carnaval", "Páscoa de Aventura"- em Valongo e dois campos de Verão –no Gerês e na Serra da Freita ) com os jovens dos vários bairros, realizamos no âmbito da REGRALL muitas outras actividades, inclusivamente oficinas de artesanato e de equipamento de ar livre. Muitas das reuniões da coordenação dos REGRALL com os jovens técnicos de rua do "ESCOLHAS" são feitas no novo espaço. Em Junho realizamos ainda um curso de animadores de grupos de ar livre, na Quinta do Covelo, (envolvendo técnicos do "ESCOLHAS"), um campo de voluntariado internacional, parte no Covelo parte no CAAAS, e um intercâmbio juvenil multinacional em Berlim (programa "Juventude") ao qual levamos alguns jovens do "ESCOLHAS" sem contudo recebermos deste programa qualquer comparticipação...
Em Novembro de 2001 ficamos sem o espaço onde funcionávamos (grupo local REGRALL) no Bairro do Lagarteiro, juntamente com a Fundação de Desenvolvimento do Vale de Campanhã, já que o pelouro de "acção social" da Câmara Municipal do Porto encerra os equipamentos na maioria dos bairros sociais - pretendendo, no caso do Lagarteiro, capitalizá-los para espaços comerciais... a pretexto de "combater a guetização"...! Organizamos por isso no CAAAS uma oficina de artesanato com jovens do Lagarteiro (réplicas-miniatura de tendas índias) e preparamos uma exposição fotográfica das actividades da REGRALL que apresentamos no stand que montamos na FIL em Lisboa, onde estão presentes todos os bairros e iniciativas jovens do Porto, Lisboa e Setúbal que desenvolvem actividades no âmbito do "ESCOLHAS".
Em Dezembro estabelecemos contactos com a Junta de Campanhã e conseguimos a cedência de um espaço para continuarmos no bairro com o nosso Grupo de Ar Livre Local. Daí, em Janeiro de 2003, com apoio de um amigo assistente social , tentamos criar mais grupos naquela parte oriental do Porto. Contactamos para o efeito várias associações populares locais e realizamos em Campanhã uma sessão pública de informação sobre o Projecto REGRALL... Um elemento presente dos escuteiros tradicionais não gostou muito da ideia do eco-escutismo livre... que contudo agradou a algumas associações populares. Contudo, apesar de alguns contactos posteriores, não avançamos muito porque as actividades transversais com os vários grupos de bairro no âmbito do nosso acordo com o "Escolhas", ocupam-nos a maior parte do tempo. Também em Janeiro organizamos no CAAAS um seminário para técnicos educativos sobre "ESCUTISMO LIVRE E ANIMAÇÃO DE AR LIVRE".
Em Fevereiro realizamos uma pequena performance de rua a propósito do "3 de Fevereiro de 1927" no Porto, publicitando um Guia de Trilha de Descoberta daquele episódio da história portuense, na Baixa, a propósito do que foi o primeiro levantamento contra a ditadura salazarista: dois "fantasmas" vindos das barricadas, com ligaduras sangrando, espingardas e cartucheiras à bandoleira e uma velha bandeira da antiga CGT, interpelam os passantes na Batalha e na Rua 31 de Janeiro...
Em inícios de Abril organizamos um workshop de animação histórica, a propósito do "9 de Abril" (1833) na Quinta do Covelo, e do Cerco do Porto. Na Páscoa de 2003 organizámos um Campo de Férias ("Trilhas Verdes do Porto") - envolvendo grupos de Aldoar, Cerco, Lagarteiro, Ramalde, Regado e Ribeira, que termina com um acampamento de fim de semana em Valongo.
Em Junho participamos no Dia Mundial do Ambiente, com uma tenda índia, um stand e alguma animação juvenil, com a "Kaos Juvenil", na Praça da Corujeira, em Campanhã mas também ajudando a animar um OTL, na Quinta do Covelo. Também ali em Junho realizamos o 1º Curso de Guias de Equipa da REGRALL e depois, na Citânia de S. Fins, em Paços de Ferreira, o "ENCONTRO DE SOLSTÍCIO", com workshops sobre cultura céltica (misturada com cultura índia...).


3 - "Escolhos" com o "Escolhas"... e não só!
Entretanto, nesta altura começamos a sofrer um bloqueamento: Instados pelo "Programa ESCOLHAS" a apresentar uma declaração das Finanças comprovando que não tínhamos dívidas ao fisco, verificámos que o nosso número fiscal não figurava no cadastro nacional, por ter caducado... Porque, embora com Estatutos legais desde 1980, a Direcção da associação entre 91 e 92 não tinha na altura acabado todo o processo de aquisição do n.º fiscal definitivo... E nós não sabíamos, pois sempre usáramos o n.º provisório sem qualquer problema , por nos ser veiculado aqui (antigo RNPC no Porto) que como tínhamos estatutos aprovados e publicados no "Diário da República" desde 1981 "o n.º provisório passaria automaticamente a definitivo"... Por finalmente sabermos não ser assim de facto, tivemos então, em Maio que requerer novo n.º de pessoa colectiva ao RNPC (Registo nacional de pessoas colectivas) num processo que demorou mais 4 meses - porque pretendia o RNPC que mudássemos de nome - já que entretanto surgira em Lisboa uma outra associação com o nome "Terra Viva" e que tinha tudo regularizado... apesar de não existir senão no papel! Recorremos então ao aconselhamento de uma advogada da FNAJ (Federação Nacional das Associações Juvenis), que nos aconselhou a tentar o registo no RNPC com um nome parecido com o "histórico".
Mas como resolver a questão do bloqueio das verbas da parceria com o "Escolhas" se essa parceria estava em nome de TERRA VIVA? Avançámos ao "Escolhas" a proposta de recebermos as verbas – que entretanto se iam acumulando retidas apesar de irmos cumprindo as actividades programadas com os jovens dos vários bairros - através de "recibo verde" do nosso técnico que coordenava as actividades de ar livre (REGRALL) com o "Escolhas"... mas a Direcção do "Escolhas" recusou, pretextando que teria que consultar o seu advogado primeiro...
Estávamos em fins de Junho, com dois campos de férias já programados, um para Julho outro para Agosto, organizados por nós, apoiados pelo IPJ e cujo principal público eram os jovens dos vários bairros sociais com quem trabalhávamos no âmbito da parceria com o "Escolhas". Dado o bloqueamento das verbas desta parceria desde Abril, estávamos sem qualquer fundo de maneio para iniciar aqueles campos (um em Caminha e outro em Vilar de Mouros) já que, regra geral, as verbas do IPJ de apoio aos Campos de Férias (para os projectos aprovados – como era o caso) só são desbloqueadas já depois da actividade se iniciar. Sabendo isso e perante a nossa falta de fundos de maneio, enquanto a nossa situação burocrática não se resolvesse (novo n.º de pessoa colectiva do RNPC) falámos com a direcção do Porto do "Escolhas" que nos aconselhou a... NÃO realizar os campos de férias... Compreendia-se a resposta já que numa estrutura em que todas as decisões principais são centralizadas em uma ou duas pessoas a nível nacional – como é o caso do "Escolhas" - os coordenadores locais temiam assumir qualquer responsabilidade. Mas por outro lado não se a compreendia, de um ponto de vista ético! Então tínhamos estado a inscrever os jovens dos vários bairros, tínhamo-lhes criado expectativas, tínhamo-lhes apontado durante o início do ano aquelas actividades como o culminar de todo um programa anual, em cada grupo de bairro, para agora desistirmos?... O problema é que teríamos que pagar várias despesas antes do fim de cada Campo de Férias (transportes dos jovens e animadores, alimentação diária, parque de campismo...) e dado o bloqueamento das verbas por parte do "Escolhas" não dispúnhamos desse dinheiro...
Contactados os serviços centrais do IPJ, em Lisboa, foi-nos "garantido" que ANTES do fim de cada campo as verbas atribuídas seriam metidas na conta da associação... Descansámos um pouco... mas, por via das dúvidas, pessoas da equipa de animação dos campos (Paiva, Ana, João Garcia, Joana) resolveram recorrer ao crédito em algumas mercearias conhecidas da associação, no sentido de levarmos connosco para os campos a maioria dos mantimentos...
À guisa de piada desdramatizante dizia o coordenador dos campos, da Terra Viva: "Se no fim não conseguirmos pagar as estadias no parque de campismo... venham-me levar bolachinhas à "prisa"! Mas hei-de fazer um escarcéu dos diabos!..." E chegados ao primeiro campo, em Caminha, inteiramente organizado pela Terra Viva embora com a participação no terreno de alguns colegas técnicos de rua do "Escolhas", surge a primeiro "escolho" – por parte do "Escolhas": num jornal diário, numa reportagem sobre o nosso Campo de Férias de Caminha, "encomendada" por um dos elementos da coordenação do Porto do "Escolhas" refere-se o Campo como sendo organizado.... pelo "Escolhas"... com a ajuda da Terra Viva!... Ou seja, exactamente o contrário da realidade!... E só quem teve, como nós, de aturar o processo das inscrições electrónicas dos jovens no website do IPJ, com as constantes alterações de nomes e falta de dados pessoais dos jovens dos bairros por parte do "Escolhas", com o atraso no pagamento ao IPJ das taxas de participação dos jovens que o "Escolhas" se comprometera a pagar (como os próprios técnicos do Porto do IPJ o podem confirmar...) poderá sentir o que sentimos quando lemos a tal reportagem. Para mais, estando, como estávamos, em restrição de despesas! Mas mais uma partida nos aguardava: apesar das promessas por parte do IPJ de Lisboa, chegados ao fim do Campo de Férias, não tínhamos dinheiro para pagar o parque de campismo porque afinal não havia sido depositada ainda na nossa conta a verba atribuída pelos serviços centrais do IPJ àquela actividade! Conseguimos chegar a um compromisso com o director do Parque – felizmente já nosso conhecido – e após contacto telefónico com o IPJ de Lisboa nos ter sido garantido novamente que a quantia seria depositada na semana seguinte, regressámos ao Porto.
Na semana seguinte recebemos um telefonema do gerente do parque dizendo que o cheque pré-datado que ele nos aceitara continuava sem cobertura. Nova chamada para o IPJ de Lisboa que nos "garante" que a verba fora depositada na nossa conta, desmentido absoluto do gerente da nossa conta bancária e... aí estamos nós de novo nos jornais! Contactamos a Federação Nacional de Associações Juvenis, que apoia os nossos protestos, e viemos a saber que o mesmo atraso de pagamento de verbas atribuídas pelo programa do IPJ "Férias em Movimento" aos campos das associações se verificou em muitos casos. Protestamos, fazemos barulho, vamos para a imprensa – deixando no entanto claro que o problema se situou nos serviços centrais do IPJ em Lisboa e que a delegação do Porto não tem nisso qualquer culpa. Tinha havido um problema informático com a Direcção Geral do Tesouro, que agora geria as verbas do IPJ a atribuir às associações juvenis, mas... tinham-nos escondido isso e continuado a afirmar que a transferência se tinha efectuado.
Ao fim de uma semana as transferências para as associações começaram a ser feitas finalmente e pudemos assim pagar parte das despesas do campo. Não sem que a nossa imagem perante o gerente do parque tenha decerto sofrido algum abalo. Provavelmente em situação semelhante seremos obrigados a pagar as despesas adiantadamente... Perante isto, o "Escolhas" não interveio... embora o tenha feito... na criação da "imagem jornalística" de que eram eles que organizavam os nossos campos de férias...
E chegamos ao 2º Campo, em Agosto, em Vilar de Mouros, também com jovens dos vários bairros do Porto, mas os mais pequenos. Tendo o responsável principal do "Escolhas" visitado este campo, aproveitamos a oportunidade para lhe chamar a tenção da situação do bloqueio de verbas, informando-o que nada mais podíamos fazer senão aguardar que o RNPC nos enviasse de Lisboa o novo n.º fiscal e a nova denominação correspondente (Terra Vivente...). Foi explicado que continuávamos com as actividades do âmbito da parceria com o "Escolhas" mas que desde Abril não recebíamos as onerações correspondentes. Parece que o senhor ficou muito espantado, revelando desconhecer a situação. Tomou notas num caderno e prometeu que mal chegasse a Lisboa iria providenciar no sentido de resolver o assunto. Esperávamos de facto que a solução fosse a aventada já: pagar as quantias devidas através de "recibo verde" nominal passado ao elemento da Terra Viva que coordenava as actividades dos Grupos de Ar Livre Locais (Gr.A.L.L.s) que depois passaria as verbas devidas à associação. Nessa altura tínhamos já acumulado alguns endividamentos, tínhamos já o telefone cortado e tínhamos obtido víveres para o campo a crédito de algumas mercearias do Porto que precisaríamos depois de saldar – até porque dos programas dos campos do IPJ só receberíamos os 25% finais após a elaboração dos relatórios da actividade e a sua apresentação ao IPJ... Mas afinal que fez o senhor responsável máximo do Programa "Escolhas"?... Fez o seguinte: suspendeu em Setembro a parceria connosco "até a situação do n.º fiscal da associação estar regularizada"...
Finalmente em fins de Setembro o n.º fiscal definitivo da Terra Viva veio do RNPC de Lisboa. Só que agora, para além da denominação histórica – que conservamos extra-oficialmente – o n.º era atribuído ao nome "Terra Vivente – Associação de Ecologia Social"... embora reconhecendo que a nossa fundação era em 27/11/81 (como Terra Viva, portanto...). Tivemos que fazer novos Estatutos, aceitando em Assembleia Geral que tanto o nome oficial – "por imperativos legais" – como a morada da sede mudavam, e que os novos estatutos estavam conformes à lei actual das associações juvenis. Remetendo estes dados ao "Escolhas" esperávamos que o tal bloqueamento de verbas se fizesse rapidamente, porque enfim, estávamos estranguladíssimos financeiramente, alguns dos nossos associados tinham colmatado "as brechas" com o seu dinheiro pessoal e um deles encontrava-se inclusivamente, com dívidas pessoais incomportáveis. Disto mesmo foi informado o "Escolhas"... mas em vão. A decisão continuava a adiar-se por que agora punha-se a questão jurídica de ter havido uma parceria com a Terra Viva e não com a "Terra Vivente"... E foi essa a gota que fez transbordar o copo. Numa carta endereçada ao responsável pelo "Escolhas" notificámos aquele programa de que se não fossem mais céleres no desbloqueamento da situação que nos acharíamos no direito de recorrer "a todas as formas legítimas de os fazer lembrar a insustentabilidade da situação". A resposta foi a de que achavam "inadmissível "virmos com "ameaças"... E por isso, por mais uma vez nos deixarem sem qualquer resposta concreta acerca de quando se resolveria a situação. Fizemos então um comunicado de imprensa para os principais jornais informando que, entre outras possíveis medidas de protesto, o elemento da Terra Viva que tinha sido mais responsável por assegurar as actividades da parceria com o "Escolhas" (José A. Paiva) entraria em GREVE DE FOME na semana seguinte caso a direcção do "Escolhas" continuasse a não apontar qualquer data concreta para a resolução definitiva da questão...
No dia em que a greve da fome começou, foi igualmente endereçada via fax uma "carta aberta" ao responsável do "Escolhas", assinada pelo Zé Paiva, em que se confrontava aquele responsável com várias questões a propósito do funcionamento daquele programa, nomeadamente o seu demasiado peso hierárquico, a demasiada centralização em torno de 2 ou 3 pessoas e a pouca importância dada a algumas propostas nossas de actividades alternativas com os jovens mais "excluídos" (círculos de estudos, oficinas vocacionais pré/para-profissionais, descoberta e valorização dos conhecimentos adquiridos pelos jovens ou das suas vocações, tentativa de criação de novas profissões ligadas tanto à defesa do ambiente como à intervenção social – em lugar de teimar em "encaixar cavilha quadrada em buraco redondo", de tentar encaixar os jovens dos meios mais excluídos no sistema de ensino e no mercado de trabalho "normais"...), além de se reverberar também o desrespeito pela nossa dignidade e se questionar como poderia um programa como o "Escolhas" ser capaz de lutar contra a exclusão social dos jovens quando afinal também a promovia, nomeadamente através de procedimentos como o que estava a ter para connosco. Na "Carta Aberta", numa passagem mais pessoal, o responsável pela ex-parceria por parte da Terra Viva, questionava o responsável do "Escolhas" acerca das diferenças de avaliação do que considerava ser o "demasiado peso hierárquico" daquele projecto pelo seu responsável e pela parte dele, Zé Paiva, poderem resultar do facto de o primeiro ser monárquico e o Zé Paiva ser an-arquico (mais tarde, numa "carta fechada" ao Zé Paiva ele respondia que isso resultaria sim do facto de ele "ser democrata" enquanto o Zé Paiva era "acrata" (o que nunca se percebeu muito bem, porque "acrata" ou "anárquico" é como se sabe, exactamente a mesma coisa!...). Nessa carta era ainda criticado o facto de se escolher como forma de luta a greve (da fome) "que deveria ser só empregue em último recurso" (de onde é que já conhecemos isto ?!...) passando no entanto aquele responsável do “Escolhas” por cima do facto de termos durante cinco meses cumprido aquilo a que nos tínhamos proposto com as verbas exíguas de que dispúnhamos (e não dispúnhamos…) à custa inclusive de endividamentos sucessivos… (alguns pessoais, inclusive). Seja como for, o cero é que no próprio dia do início da greve da fome, e quando já nos preparávamos para ir para a porta da sede do “Escolhas”, fomos contactados pela coordenação local do “Escolhas” e pelo acessor da sua Direcção nacional, estabelecendo-se então o compromisso de que até ao fim de semana nos seriam pagas as verbas em atraso. Assim se passou com efeito e finalmente pagámos as dívidas que se vinham arrastando desde Maio...
Estávamos em meados de Outubro, em fins de Outubro realizavam-se no espaço do CAAAS da Terra Viva as “Jornadas Libertárias” (que uns anos antes se tinham realizado na Reitoria da Universidade do Porto). Tínhamos no início do ano contado que a parceria com o “Escolhas” se manteria até pelo menos ao fim do ano de 2003. Como tal não sucedeu tivemos que deixar, a partir daí, o espaço da antiga sede onde funcionava a parte “administrativa” e comprimir ainda mais os nossos orçamentos. Continuámos contudo as actividades: tentámos iniciar Círculos de Estudos e Workshops (que acabaram por só começar em Janeiro), participámos em Compostela no aniversário do desastre do “Prestige”, interviemos no Natal nas ruas do Porto com um “eucalipto de Natal” carregado das “boas prendas” do ano e contra o consumismo de uns e a precaridade e a penúria de outros, realizámos alguns passeios pedestres - em Valongo e na área do futuro Parque Oriental do Porto, continuámos com os contactos com os jovens no Bairro do Lagarteiro, elaborámos e inscrevemos o nosso plano de actividades de 2004 no programa PAAJ do IPJ, montámos o nosso laboratório fotográfico, arrumámos mais o espaço do CAAAS (e limpámos algumas toneladas de lixo que herdámos – entre outras coisas boas, diga-se – da associação que antes funcionava neste espaço) transportámos para aí os “trambolhos” da antiga sede, montámos uma “cozinha de emergência”, continuamos a acolher no CAAAS/ Terra Viva! os amigos que nos visitam ou quem precise do nosso apoio, começámos também o apoio pedagógico aos estudantes do secundário que dele precisam (10º,11º e 12º anos) e começámos a pensar em como vamos continuar neste espaço...


4 - 2004: e agora? CONTINUAMOS! ...
Entre Novembro e Janeiro realizámos três reuniões populares acerca do PDMP (plano director municipal do Porto), no Porto Oriental e participámos na plataforma "Convergir" com mais sete associações de ambiente do Porto, contestando os aspectos mais críticos (ecológicos e sociais) daquele plano e colaborando na redacção final do documento comum "Porto-rumo à cidade sustentável". Começámos também uma Oficina de Arqueologia Experimental, com malta de Letras e de Ciências do Ambiente aqui do Porto. Iremos também continuar em Fevereiro o plano dos Círculos de Estudos (História social do Porto, Ecologia Social, Estudos Sociais libertários, Alemão) e as Oficinas (artesanato primitivo, máscaras sociais – para o "Carnaval Social", equipamento de ar livre e aventura). Estamos agora a tentar lançar uma "Comissão Popular de Acompanhamento e Apoio ao Parque Oriental" com pessoas de três zonas periféricas do Porto Oriental. Começámos já a reunir malta mais nova dos nossos Grupos de Ar livre/eco-escutismo livre de vários pontos da cidade para re-dinamizar as actividades e abrir mais grupos – inclusive em escolas. Estamos a preparar um projecto de serviço de traduções de materiais temáticos sobre ecologia, animação, sociedade, pedagogia, arqueologia experimental - com o qual pretendemos algum auto-financiamento da associação. Preparamos também algumas acções de formação para começar em Março (animação eco-social, animação de grupos de ar livre, animação eco-laboral). Uma pequena equipa de trabalho tenta organizar melhor a Biblioteca Social e Ecológica e o seu funcionamento público.
Temos um vasto Plano de Actividades para este ano, que vai desde a formação de animadores juvenis até à informação popular ambulatória (poluição de rios e ETAR.s, - lixos , incineração e aterros – auto-estradas e poluição sonora e atmosférica – Defesa popular de espaços verdes, etc...) passando por Trilhas Pedagógicas e de descoberta socio-ecológica e sócio-histórica e Passeios Pedestres de fim de semana. Preparamos também um projecto de Bolsa de Saberes (uma espécie de "trocal" onde quem precisa de apre(e)nder algo entra em contacto com quem pode ensinar algo). Gostaríamos também de pôr a funcionar: uma "Cozinha/refeitório de Socorro Social", uma "Oficina de Metais" (onde se pudessem produzir alguns materiais de artesanato histórico em ferro e bronze) e uma "Oficina de Ambiente" para a reciclagem de madeiras e garrafas plásticas para equipamentos de defesa e sensibilização ambiental... e se calhar muito mais coisas pois não falta espaço no CAAAS.
O PROBLEMA É COMO VAMOS CONSERVAR ESTE ESPAÇO! Cremos que com um pouco de AUTO-ORGANIZAÇÃO, VONTADE CRIATIVA e AUTO-RESPONSABILIDADE do pessoal que aparece por cá, poderemos garantir a resolução deste problema. Com a SOLIDARIEDADE ACTIVA do pessoal amigo de fora do Porto também... Mas de facto o principal é saber se as pessoas que estão mais ligadas localmente ao Terra Viva e a este espaço, se sentem também RESPONSÁVEIS pela sua continuação. E RESPONSÁVEIS não quer dizer senão a compreensão do que se perderá se não conseguirmos mantê-lo. Claro que tal como já aconteceu no passado, não acabaremos nem nos calaremos socialmente se o perdermos! Mas RETROCEDEREMOS certamente alguns anos. E precisamente agora que as coisas socialmente vão como vão... cabe a cada um de nós avaliar se a situação não merece algum esforço de AUTO-MOBILIZAÇÃO.
Um aspecto a ter em conta é que este nosso espaço está inserido no centro do Porto e também no seu centro histórico, numa zona da cidade com bastante gente que sofre exclusões diversas e que certamente não desprezará o nosso apoio – se em vez de funcionarmos como um pequeno grupo de "iluminados" e de "aves raras" resolvermos ir ao encontro dos seus problemas e das suas necessidades – que são muitas: má habitação, desemprego, precaridade...
De resto, algumas possíveis soluções de imediato, já são avançadas no texto inicial do "S.O.S. TERRA VIVA!". Agradecendo desde já a solidariedade activa do pessoal amigo de Lisboa, Almada, Setúbal, Alentejo e doutros lados, deveremos pensar também por cá nas pequenas reuniões locais e regionais "comestíveis", mas também nas rifas, nos concertos, e porque não, nos ENCONTROS/ASSEMBLEIAS ABERTO/AS - onde possamos publicitar todos os nossos planos de actividades e de intervenção local e regional.
Talvez seja também esta a grande oportunidade para "sairmos da casca" e ganharmos uma ligação maior ao resto das pessoas - tão poluídas, tão alvo do desprezo dos poderes, tão à parte das "grandes estratégias" dos políticos profissionais, tão descontentes com as actuais misérias quanto nós... só que ainda não cientes da sua/nossa força comum...
Continuemos pois! Porque se já não há "amanhãs que cantam" há pelo menos um presente de berrar aos céus! E não só "todos não somos demais" como principalmente é cada um de nós que forma o "todos"! Porque, continua a ser verdade, que a pessoa única e autêntica é a medida de todas as coisas - e muito mais importante do que um espaço, uma casa ou alguns móveis ou computadores, é o encontrarmo-nos, numa rua, numa praça ou num café que seja e somarmos as nossas desilusões, descobertas, experiências e desejos! E aí... que tremam os tais!...
...No entanto, às vezes, ter um espaço onde preparar as respostas às múltiplas agressões do dia-a-dia é um avanço... E sempre é melhor avançar do que ter de recuar!



MUITA FORÇA! VIVA A TERRA E (SOBRE)VIVAMOS!... SOBRETUDO SE NOS FARTAMOS DE SUB-VIVER!
(HÁ REALMENTE MUITÍSSIMO A FAZER E O FUTURO É JÁ HOJE !)
J. P.
16/2/2004